Após a noite de 29 de novembro de 1947, na qual a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a partilha da Palestina em dois territórios, um judeu e outro árabe, houve ato contínuo, manifestações de ambas as partes. Uma vez que os ingleses já haviam abandonado a Palestina em fevereiro daquele ano.
Os judeus regozijavam-se em manifestações de alegria, danças, cânticos e orações. Em contra partida, os árabes consideraram a decisão uma catástrofe. Não levaram em conta o caráter global da decisão; o resultado da aprovação de países de locais extremos do globo, inclusive as duas maiores potências, Estados Unidos e Rússia. Convém lembrar: os árabes são descendentes de Ismael, “povo que será contra todos e todos contra eles e habitarão fronteiro a todos os seus irmãos” (Gen 16.12)
Entretanto, David Ben-Gurion mantinha-se cético porque previa com grande certeza uma reação violenta dos árabes contra os judeus, com consideráveis perdas de vidas humanas.
Anteriormente, em 1945, com este pré-conhecimento, e preocupado com a segurança da sua comunidade, David Ben-Gurion agiu decididamente: manteve contato com executivos prósperos em Nova York a fim de convencê-los a disponibilizar os fundos necessários para que a Executiva Sionista adquirisse equipamentos para fabricação bélica em desuso pelos americanos devido ao final da guerra.
A sensação de uma iminente guerra era preocupante porque a população árabe era o dobro da população judaica. Inclusive alardeavam-se da magnitude do seu exército e do seu poderio bélico.
Entretanto, a chama ardente do restabelecimento de um lar judaico exclusivamente na Palestina, tanto exaltado por Theodor Herzl continuava acesa. O Congresso ocorrido em 1897, na Basileia, durante três dias, com maciça participação de delegados judeus de diferentes procedências, inclusive os da Europa Oriental, mais pobres; mas, com ferrenho apoio nas profecias bíblicas. Destas convêm lembrar a de Jr 32.43/44 “Comprar-se-ão campos nesta terra, da qual vós dizeis: Está deserta, sem homens nem animais; está entregue nas mãos dos caldeus. Comprarão campos por dinheiro, lavrarão as escrituras e as fecharão com selos, e chamarão testemunhas na terra de Benjamim, nos contornos de Jerusalém, nas cidades de Judá, nas cidades da região montanhosa, nas cidades das planícies e nas cidades do Sul; porque lhes restaurarei a sorte, diz o Senhor”. Neste marcante Congresso ficou definido a sua continuidade, contribuição financeira etc. Todavia, a resolução mais marcante foi a definição da bandeira como ela ainda permanece. Ainda para expressar a alegria pelas decisões tomadas criaram o hino do movimento sionista. Foram tão concretas as decisões que Theodor Herzl chegou a afirmar: “Na Basileia, fundei o Estado judeu”.
Theodor Herzl era judeu húngaro e um jornalista de destaque. Analisava com grande acuidade a presença indesejável do antissemitismo na Europa. Sempre com a ideia fixa do restabelecimento do Estado de Israel, em 1898, devido ao seu carisma pessoal, obteve um contato com o último imperador alemão, o Kaiser Guilherme II. Objetivava ele obter algum apoio para o movimento sionista: criar o lar judeu.
O Kaiser falou a Herzl que, acima de tudo “a água e a sombra (árvore) levariam a terra à sua antiga glória”. Mais tarde esta afirmação foi reiterada em uma publicação: “Este país não precisa senão de água e sombra para ter um futuro muito próspero” (SIEGEL, 2017, p.14).
Entretanto, com toda esta certeza histórica e inúmeras profecias assegurando a recriação do Estado de Israel, havia o temor de uma iminente reação árabe, o que de fato aconteceu.
Em 30 de novembro de 1947, os árabes iniciaram suas ações de violência. Em Jerusalém depredaram e incendiaram lojas; bloquearam estradas, causando pânico e obrigando famílias a se alojarem em edifícios públicos.
Era o início da guerra de árabes contra judeus, a qual com diferentes manifestações permanece até os nossos dias.
No primeiro mês do conflito, aproximadamente 250 judeus foram mortos. Os árabes, com a sua superioridade populacional, acionavam a sua máquina de propaganda, alardeando que o seu poderoso exército empurraria os judeus ao mar.
“Quando os judeus iniciaram a ofensiva e a luta se intensificou, houve pânico entre os árabes e todos os que puderam fugiram” (SHAPIRA, 2018, p.194).
No decorrer da guerra ficou notória, do lado dos árabes, a falta de um comando unificado entre os exércitos em luta. Além da falta de equipamentos e treinamentos dos seus soldados.
Antes do final de 1948, o inexperiente exército israelense já havia se aprimorado, aumentado em número e superando o inimigo.
Esta guerra se estendeu até março de 1949, deixou um rastro de destruição material com perdas de quase 6.000 vidas, 1% da população judaica.
Todavia, apesar deste estado de beligerância entre árabes e judeus, o ideal sionista preconizado com tanto ardor por Theodor Herzl, finalmente se consolidou.
Na tarde de sexta-feira, 14 de maio de 1948, os membros do conselho se reuniram no modesto edifício do museu de Tel-Aviv, na alameda Rothchild, para ouvir Ben-Gurion proclamar a Declaração de Independência: Nós, por meio desta, declaramos o estabelecimento de um Estado judeu na terra de Israel, a ser conhecido como
-- ESTADO DE ISRAEL --
Fontes:
SHAPIRA, Anita. Israel: uma história. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018.
SIEGEL, Seth M. Faça-se a água: a solução de Israel para um mundo com sede de água. São Paulo: EDUC, 2017.
Janeiro de 2022
Flávio Magalhães
Comments